A Intercement, segunda maior produtora de cimento do Brasil, entrou em processo de recuperação judicial, levando junto sua controladora, Mover Participações (anteriormente conhecida como Camargo Corrêa). O pedido de recuperação judicial revela dívidas que somam R$ 14,2 bilhões, sendo R$ 6,3 bilhões em debêntures, R$ 3,5 bilhões em bonds emitidos no exterior e R$ 3,1 bilhões diretamente com o Bradesco.
Além disso, existem outras dívidas de R$ 1,4 bilhão classificadas como “outros”, conforme consta no processo. Esse valor total não inclui empréstimos entre empresas do grupo.
A Intercement, que é um dos principais ativos da Mover, está em negociação com credores financeiros há mais de um ano para reestruturar suas dívidas, com foco na venda de ativos. Havia um acordo exclusivo para a venda da empresa para a CSN, mas esse contrato está suspenso devido à recuperação judicial. O grande desafio era lidar com as dívidas, muitas delas com vencimento próximo e algumas já adiadas por medidas protetivas.
A Intercement declarou, em comunicado, que a venda da empresa se tornou inviável com o tempo. Segundo a empresa, o processo de recuperação judicial permitirá o tempo necessário para encontrar uma solução definitiva para sua estrutura de capital, independentemente de um eventual processo de venda de ativos, destacando a forte capacidade de geração de caixa das companhias.
O pedido de recuperação judicial não inclui a Loma Negra, a cimenteira do grupo na Argentina, que, teoricamente, pode ser vendida separadamente.
A Intercement foi um dos últimos grandes negócios controlados pela terceira geração do grupo fundado por Sebastião Camargo, que sofreu danos significativos devido à operação Lava-Jato. Outras empresas do grupo, como Alpargatas e CPFL, já foram vendidas.
Atualmente, o Grupo Mover possui 14,86% da CCR, uma concessionária de transportes que é uma importante fonte de receita, com um valor de mercado de cerca de R$ 23 bilhões na Bolsa.
Fonte: Exame